Iemanjá levou nosso Caesalpinia echinata para a beira do rio, enquanto pescadores conduziam a imagem pelas águas do Guaíba paralelamente à multidão que transitava com vagar e fé pela Castelo Branco até a Igreja de Navegantes. Dois de Fevereiro era festa da padroeira de Porto Alegre, momento singular onde múltiplas forças se convergem num ato de muita densidade humana.
Dia especial para nosso Caesalpinia mudar
de casa. Após ser ruminado pela burocracia e até rejeitado pelo Jardim Botânico
e pela SEMA, sob o dogma arboreofóbico de que planta não guasca não habita
fecundas praças de nossos pampeanos matagais, o pau-brasil já quase árvore que
no Mosteiro reinava soberbo, finalmente encontra uma terra na beira do rio em
dia de Iemanjá.
Aceito com carinho e regado em sua
chegada, Caesalpinia já foi apresentado aos ipês, tipuanas,
maricás, jacarandás, quero-queros e pica-paus seus vizinhos. Poderá estufar o
peito ramificado, ampliar a gema apical e encravar suas raízes até que a idade
adulta o permita chegar aos vinte metros. Entroncar-se, florescer e oferecer a
sombra fresca que tempera as conversas mateadas. É muito bom saber que há
exatos oito meses Iemanjá levou o pau-brasil para a beira do rio, no Beira-Rio.
Bruno Brum Paiva
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