domingo, 15 de abril de 2012

Pau-Brasil Rejeitado





  As sementes nascem ao acaso; as árvores, nem sempre crescem para o lado desejado.

     Semente é explosão, galhos são conquistas.

   Certa feita trouxemos de muito longe um colar serpenteado por sementes de uma até então desconhecida planta. Aquele mar vermelho de minúsculas brotáceas parecia não ter um destino  muito distinto ao que lhe fora outorgado por um artesão praieiro do Brasil Nordeste.

    A curiosidade, tempero mater do passo avante, levou-nos ao interrogatório acerca daquelas lindas sementes quando as vimos pela segunda vez. O que é, como se planta? E plantamos.

    Nasceu um pau-brasil. Cresceu e cresceu e agora já é um arbusto, exagero chamá-lo precocemente de árvore. Pesquisamos, buscamos, comprovamos: é pau-brasil. No Mosteiro reside um pau-brasil.

    Inocentemente comovidos com a façanha saímos em busca de um novo endereço para o pomposo hóspede, visto que ter uma árvore num apartamento não é  nosso desejo. Já temos bonsais, fazer de um pau-brasil um bonsai é quase humilhá-la à condição de nanica a árvore símbolo de nossa pátria mãe gentil.

    Primeira tentativa, Jardim Botânico. Explicações repassadas a infinitos ramais, acessórios e assessorias nos retornaram com a objetiva decisão de que só há espaço para plantas nativas. Buenas, será que nosso pau-brasil  é japonês, suíço ou quem sabe cigano?! Pensei que pensassem que seria um trote, por isso.

   Segunda tentativa, SMAM. Endossando o argumento da primeira, ainda sou inquirido se nosso pau-brasil é verdadeiro ou falso. Respondi que era verdadeiramente de plástico, original como todos os silicones e botoques que embelezam nossas beldades da eterna juventude. Será que se eu cortasse por conta própria um galho espinhento que está invadindo minha janela essas sagradas entidades não viriam de unhas e dentes em defesa da legitimidade dos espinhos?

    O pau-brasil rejeitado continua crescendo e esperando apenas uma livre terra para expandir sua sombra e deleitar quem de uma árvore se deleita. Jardim Botânico e SMAM, do alto de suas sabedorias burocráticas, não o quiseram. Talvez porque as folhas caiam para que outras renasçam.


            Bruno Brum Paiva

terça-feira, 3 de abril de 2012

Consumação



                                                    Praia de Itacimirim, BA


Veinte años consumados
Empezó despacio despacito
hasta hoy, así, sin apuros
Tú i yo, nosotros
En la cuna
Mosteiro
Por los días
Por las noches
por los tiempos.



          Bruno Brum Paiva