sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Projeto BA - O Desacampamento



Levantando a Âncora



Imbassaí, onde o rio beija o mar. A jangada é lenta e silenciosa no seu deslisar fluvial. Cocoroska, a caipira de água de coco. Mais sururu, outra tapioca. A chuva vai e o Sol volta. É a última semana.

Guarajuba, uma longa caminhada pelo calçadão à espera que a maré baixasse. Baixou também o maior camarão que vi no prato. Numa atitude que nos deixou perplexos, o garçon trouxe uma bacia com água, sabão líquido e uma toalha branca para que lavássemos as mãos à beira-mar sem o incômodo de um deslocamento até o banheiro. É a superação do conforto. Guarajuba fica no município de Camaçari e a 13 km da fábrica da Ford. Fizemos uma pequena enquete sobre o impacto de tamanho empreendimento. Pouca empolgação. Acho que o governo da época acertou em substituir a fábrica pela criação da Universidade Estadual, a UERGS.

Castelo Garcia D'Ávila, uma construção iniciada em 1551 e concluída em 1624. Sede de um latifúndio que correspondia à décima parte do território brasileiro. Localização privilegiada no topo do morro e de frente para o mar. As ruínas impressionam pela robustez das paredes e a perfeição dos arcos. A pequena capela, totalmente restaurada, possui uma acústica perfeita às orações, ao canto, à conversa ou simplesmente ao silêncio. Absoluto.

Itacimirim, a última praia que conhecemos. O rio Pojuca separa os municípios de Camaçari e Mata de São João. Sururu, camarão, bolinho de peixe, caipiroska, piscinas naturais, caranguejos, conchas de vários tamanhos e uma luz dourada que o cair da tarde nos presenteara. À noite, a despedida bailante no restaurante da Nati. Muito samba, muito chorinho, muita brasilidade musical de toda sorte. O fechamento outra maneira não deve ser que não a de ouro.

Mario Benedetti e Vitor Ramil, nossos balizadores literários da viagem. Dois mundos, duas experiências, dois imaginários a construir o presente já esqueletado. Várias páginas decifradas na rede do albergue e na poltrona do avião. Manuscritura em cada bar ou mesmo no ar. Muito sono, muita paz e acima de tudo muita reflexão nesta trajetória pensada e conquistada para a impregnação em nosso íntimo sob a alcunha PROJETO BA. Enfim, a palavra jamais olvidada: o b r i g a d o!
Bruno Brum Paiva

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